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type o negative

Os vampiros do Brooklyn

O Type O Negative é o que muita banda dita “gothic-metal” sonham em ser: autêntica. Sem precisar de maquiagens, vocais femininos e cara de bebê abandonado, a banda liderada pelo vampirão Peter Steele e junto a ele o amigo Josh Silver, há mais de 15 anos despeja nos fãs suas decepções amorosas e desafetos familiares.

A cada álbum mostram composições que criam climas perfeitos para filmes sobre vampiros, suspense e erotismo, fazendo com que sua alma entre em um desespero e solidão absoluta.

Atualmente se fala e muito no termo “gothic-metal” ou metal gótico e seja lá o que for, mas quando vai se exemplificar alguns críticos costumam usar bandas um tanto quanto diferentes e algumas diferentes até demais entre si mesmas, ou seja, acabam saindo do contexto e confundindo os fãs e a si próprios. Enquadrar o Type somente nesse estilo gothic é amarrar uma corda no pescoço dos caras e atirá-los. Mas eles não estão muito longe disse não.

A mídia especializada atribui muitos rótulos para a banda: “vampiric metal”, “gothic metal”, “doom metal”, e por ai vai. Mas esse quarteto liderado pelo “marombado” Peter Steele no final das contas, não consegue ser rotulado de forma alguma devido à riqueza musical que sua banda proporciona. E chegam em 2011 com sete álbuns de estúdio, um meio que ao vivo e uma coletânea levando uma legião de fãs espalhados pelo globo à loucura e uma carreira sólida.

Sem dúvida Peter é o líder “nato” do grupo, responsável pela fundação (junto com seu amigo Josh), pela composição da maior parte das letras do Type.

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Os carnívoros...

Antes de começar a falar do inicio do Type o Negative vale começarmos pelo Carnivore ex-banda do Peter e onde ele ensaiou os primeiros passos até chegar ao Type.

Fazendo um breve resumo do Carnivore. A banda foi criada por Peter em 1983 no Brooklin em Nova Iorque, o visual era inspirado em seres pré-apocalípticos e as letras de seus dois álbuns também. O primeiro play auto-intitulado foi lançado em 1985, o som era bem hardcore e pesado vale destacar a música “Male Supremacy” onde já se nota alguma semelhança com a sonoridade que Peter desenvolveria anos mais tarde. Esse álbum foi produzido pelo amigo Josh que não fazia parte da banda.

Em 1987, um segundo álbum foi lançado “Retaliation” onde o grupo se preocupou mais com a música que com o visual. Porém a banda acabou no ano seguinte.

Peter chega ao ano de 1990 já com uma banda formada, os integrantes são: o baterista Sal Abruscato, o guitarrista Kenny Hickey e o tecladista Josh Silver. A banda consegue no ano seguinte gravar seu primeiro álbum pela Roadrunner. E então temos “Slow, Deep and Hard”, diferente do título temos nesse cd uma banda rápida e ainda com resquícios do Carnivore em algumas passagens, porém é um dos melhores álbuns do grupo. É um trabalho cru e visceral confira a faixa de abertura “unsuccessfully coping with the natural beauty of infidelity”, que ao longo dos seus 12 minutos, a banda passa por vários climas tétricos intercalando com o peso e a velocidade do hardcore nova iorquino.

Peter relata nessa faixa o péssimo relacionamento dele com sua última namorada e também que estava por dentro das escapulidas da “moça”, é só dar uma sacada no refrão “I know you’re fucking someone else”. Durante todo o play encontramos elementos musicais que serão mais trabalhados no futuro da banda, como as partes lentas que se aproximam do doom-metal, coros com toques quase “sacros” e partes acústicas. O baixo sempre marcante de Peter é o que comanda toda a fúria do álbum que também tem o molho especial do teclado de Josh. Das sete faixas do cd, duas são instrumentais, a quinta faixa chamada “glass walls of limbo (dance mix)” dá a sensação de estarmos em uma siderúrgica e com coros sacros (feitos por Peter). A segunda instrumental vem logo em seguida e não é bem uma instrumental, é apenas 1 minuto de silêncio com o singelo título de “A má interpretação do silêncio e sua desastrosa conseqüência”.

O disco é sem dúvida alguma, excepcional pela sua criatividade. É como uma pedra bruta, que foi polida com o tempo e hoje temos o Type que esta por ai. O álbum tem uma boa repercussão no cenário, e depois de uma tour com o Biohazard e o The Exploited fez o nome do Type ficar mais conhecido.

Vai se saber o que levou o Type a fazer um álbum ao vivo logo após o seu debut, mas isso não é importante, pois esse álbum não tem nada de ao vivo, é pura enganação. A estória que existe por de trás desse álbum é que Peter havia gastado o dinheiro que foi dado pela gravadora para a produção de um álbum ao vivo de verdade, mas o Sr. Peter o gastou com festas. Para reparar isso, a banda gravou novas versões das faixas do primeiro álbum, mixado com o som do público e até diálogo.

O que chama a atenção mesmo nesse álbum são os covers para “Hey Joe” do Jimi Hendrix, que foi alterada para “Hey Peter” e “Paranoid” do Black Sabbath com alguns riffs de “Iron Man” no meio da música. Esse cd foi relançado em 1994 com uma nova capa, visto que a original mostrava um coito anal homossexual. E foi incluída também a faixa “Paranoid”.