Foi no final da década de 80 que o death metal começou a sofrer suas primeiras mutações e quem mais contribuiu para isso foram os ingleses do Paradise Lost. O grupo mesclou à sonoridade crua e pesada do death metal elementos orquestrais e uma dose calibrada de melancolia.
O Paradise Lost vem da cidade de Halifaz, na Inglaterra. Formou-se por volta de 1988 e após duas bem conceituadas demos, a primeira “Drown in Darkness” e a segunda “Frozen Illusions”, o grupo conseguiu em 1990 assinar um contrato com a gravadora Peaceville Records.
Em 1990 a banda brinda o mundo com o lançamento de “Lost Paradise” seu primeiro álbum. Ainda com fortes influências de death metal, o álbum se destaca devido a pequenas inclusões de orquestras e teclados trabalhados, tendo uma boa repercussão na época. O debut do grupo é considerado o divisor de águas na música extrema, já que o disco trouxe o peso do death metal e os vocais guturais aliados a melodias soturnas.
Um segundo álbum foi o suficiente para atrair a atenção da mídia e do público para os britânicos. Em março de 1992, “Ghotic” é lançado. Muito superior em relação ao primeiro álbum, Ghotic vem recheado de passagens orquestradas, um excelente trabalho de guitarras, tétricos vocais femininos e toda uma atmosfera sombria, chegando assim a se diferenciar e muito da cena death metal, que em sua maioria era dominada por bandas americanas como Obituary, Death e Morbid Angel.
Nesse período o Paradise Lost já era conhecido por seu som peculiar e o álbum Gothic até hoje é tido como referencia para bandas que apostam no estilo doom-death.
Em 1992 a banda deixou a Peaceville Records e assinou um contrato de três anos com a Music For Nations, um selo muito maior. A Music For Nations ficou responsável pela banda na Europa, já nos Estados Unidos quem ficou responsável pelo Paradise Lost foi o selo Metal Blade.
No mesmo ano o grupo entrou em estúdio para gravar o terceiro álbum, que é lançado em junho com o título de “Shades of God”. Com esse álbum alcançaram um nível muito superior aos seus dois últimos trabalhos, sendo difícil rotula-los, isso devido as brilhantes passagens acústicas e a alta qualidade das composições do álbum, tanto nas músicas quanto nas letras.
Após uma estrondosa turnê a banda volta ao Longhome Studios, com a mesma fórmula: Produção de Simon Efemey e ilustrações de Dave McKean. O resultado foi o magnífico EP “As I Die”, lançado em outubro de 1992, que chegou a bater bandas como Metallica no Single of the Week da MTV europeia.
Cada vez mais o Paradise Lost crescia, mostra disso foi seu quarto álbum “Icon”, lançado em julho de 1993. O disco é considerado por muitos como uma verdadeira obra-prima do doom metal, e fez com que a banda deixasse de uma vez por todas qualquer resquício de ligação com o death metal.
O Paradise Lost reinou nos festivais de verão da Europa, chegando a tocar para 70.000 fãs no festival Rock in the Ring, em Nürnberg na Alemanha, isso graças à boa repercussão do single “Seals the Sense”, e continuou a participar de grandes festivais, chegando a tocar com o Sepultura em alguns deles.
Em agosto do mesmo ano a banda lança um VHS chamado “Harmony Breaks”, que é composto de um show feito em 93 na Alemanha e o clipe da música Embers Fire.
A última novidade de 94 foi a saída do baterista Matt Archer, que foi logo substituído por Lee Morris, muito mais técnico. Para que o novo batera se acostumasse a tocar com o Paradise, foram feitos alguns shows pela Inglaterra em pequenos clubes, e a banda se escondeu sob o nome de “Painless”.
Até o momento ninguém poderia imaginar que o Paradise Lost pudesse superar a qualidade musical de Icon, mas conseguiu e foi com “Draconian Times” que a banda chegou a seu ápice.
Lançado em 1994, o álbum alcançou grandes vendagens, sem ser comercial, a música carro-chefe “The Last Time” foi executada incansavelmente. Todas as faixas do álbum têm seus méritos, tornando muito difícil a escolha de uma em particular. O trabalho gráfico é outro ponto positivo, com uma bela ilustração de capa e no encarte.
O cd foi lançado no Brasil com três faixas bônus incluindo um cover do Sisters of Mercy, Walk Away. As letras de Draconian Times estão simplesmente perfeitas. E toda essa poesia macabra é obra do guitarrista Gregor Mackintosh e do vocalista Nick Holmes. Vale destacar que Draco foi um político e legislador de Atenas, do século VII AC, e que “draconian” significa “muito severo”. A turnê da banda começou no México abrindo para Ozzy Osbourne.
E para delírio dos fãs da banda, o grupo passou pelo Brasil em 1995. Participaram da versão brasileira do festival Monsters of Rock. O Paradise tocou com nomes de peso como Megadeth, Alice Cooper e Ozzy. A banda também fez presença em um outro Monsters Of Rock, desta vez na Inglaterra, no famoso Castle Donnington (uma pista de moto velocidade), ao lado de Ozzy, Kiss, Sepultura, entre outros. E isso só veio comprovar o sucesso crescente no qual se encontravam. Logo o álbum chegou à marca de um milhão de cópias vendidas, uma marca nunca antes atingida por uma banda do estilo.
As mudanças na sonoridade do grupo já vinha a algum tempo trazendo uma certa desconfiança por parte de fãs mais radicais da banda, principalmente em relação à inclusão de teclados. E essa desconfiança se transformou em desespero quando foi lançado “One Second” em 1997. Nas doze faixas do álbum a banda mostra um som mais voltado á música gótica moderna. Com uma ênfase maior de teclados e samplers. Em alguns momentos chegando a soar pop rock. Enquanto que nos EUA e na Europa a banda ia de mal a pior, na Alemanha o álbum vendeu muito bem. Mas mesmo com belos clipes e ampla divulgação, a banda não conseguiu grandes resultados. No ano seguinte, lançam uma coletânea, chamada “Reflections” com 17 faixas.
O nono álbum da carreira do Paradise Lost foi lançado em 1999. Host veio um pouco mais pesado e melancólico que “One Second”, mas ainda assim recebeu críticas negativas.
Com “Believe in Nothing” lançado em 2001, também não foi diferente, e a banda seguiu em frente. Foi em 2002 que o Paradise Lost conseguiu sua redenção junto aos fãs, lançando “Symbol of Life”, bem mais pesado que os dois anteriores, mas um tanto longe de ser comparado as pérolas Draconian Times e Icon, o cd vem recebendo boa críticas e resgatando antigos fãs da banda.
Mesmo tendo uma repercussão um pouco melhor com “Symbol of Life” (2002) o Paradise Lost ainda amargava a desconfiança dos fãs pelos resultados medianos dos álbuns pós Icon (1993) e Draconian Times (1995). Enquanto a banda ainda flertava com um gothic pop, um direcionamento musical que desagradava e muito os fãs o único lançamento que o grupo fez ainda em 2002 foi o dvd Evolve.
O Paradise Lost ficou três anos sem lançar nada, o grupo retornou em 2005 com um novo baterista Jeff Singer, que tocou nos dois primeiros trabalhos de estudo do ex-vocalista do Iron Maiden, Blaze Bayley.
Mesmo que grande parte do público e da mídia desacreditando que o Paradise Lost conseguisse superar os resultados apresentados nos seis últimos álbuns, principalmente no quesito peso, eis que a banda chega com um trabalho intitulado apenas: Paradise Lost.
O cd Paradise Lost (2005) tem muito da sonoridade que a banda apresentou em Symbol of Life (2002), com partes mais pesadas e melhor elaboradas do que seu antecessor de estúdio. E foram essas partes mais elaboradas que chamaram a atenção, principalmente do público, de que a banda estaria aos poucos moldando sua sonoridade para algo mais próximo do metal.
Agora SIM! Foi em 2007 que o grupo conseguiu sua redenção junto ao público e a mídia especializada. E o trabalho responsável por essa guinada foi In Requiem, que trouxe a sonoridade da banda os bons e velhos elementos de peso e melancolia que foram marca registradas do grupo em meados da década de 90.
Parece que depois de 2005 o grupo decidiu entrar nos trilhos e se organizar musicalmente, os lançamentos de trabalhos foram mais constantes e a banda também brndou os fãs com novidades multimídia como os DVDs “Over The Madness” lançado em 2007 e “The Anatomy Of Melancholy” lançado em 2008. Em 2009 antes do lançamento do décimo segundo trabalho de estúdio da banda, chega as lojas uma ótima coletânea de demos “Drown In Darkness – The Early Demos”, que serviu para acalmar os fãs para mais um trabalho de estúdio do grupo britânico.
Lançado em setembro de 2009, “Faith Divides Us – Death Unites Us” elevou de vez a moral da banda com seus fãs. O disco foi gravado na Suécia e logo de cara emplacou boas posições principalmente na Suécia e na Finlândia onde ficou entre os 30 melhores. E mais uma vez o grupo troca de baterista. Para o lugar de Jeff Singer o grupo contratou Peter Damin, mas só para gravar o álbum.
Em 2011 em comemoração ao décimo sexto aniversário de lançamento da obra prima Draconian Times (2005) o Paradise Lost preparou para os fãs algumas novidades de esvaziar os bolsos. Primeiro foi uma versão altamente luxuosa e remasterizada do cd, que feio em um estojo em formato de livro, com encarte de alta qualidade.
Na época escrevi uma resenha sobre esse lançamento:
O cd vem em um livreto de 36 páginas, capa dura e laminada, com as letras do cd e relatos feitos pelos integrantes da banda. São comentários sobre a gravação do álbum, de algumas músicas em particular. Nick Holmes (vocal) comenta que a parte de vocais do Draconian Times foi uma das mais difíceis de gravar.
Nessa versão do cd chamada de Legacy Edition, além do álbum original o pacote contempla um DVD com o cd gravado em canal 5.1 para uma experiência mais abrangente e contempladora dessa obra. E também vem com três vídeos como bônus: Forever Failure, The last Time e Hallowed Land.
Além das músicas que já vinham na versão original do cd, essa versão Legacy traz sete bônus entre músicas inéditas, versões demo e ao vivo.
Você pode conferir a resenha complete em: https://metalzone.com.br/site/materias/artigo.php?sec=7&cod_materia=140
E os lançamentos comemorativos não pararam por ai. A banda realizou alguns shows com a formação original onde tocaram na íntegra o Draconian Times, e uma dessas apresentações rendeu o luxoso Box “Draconian Times MMXI”. O box é composto por um DVD do show, um segundo DVD com clipes e makin off, um cd com o áudio do show além de um encarte com entrevistas e resenhas.
Os fãs da banda já estavam nas alturas com tanto material de primeira e novidades proporcionadas pelo Paradise Lost. Será que a banda conseguiria extrapolar as expectativas dos fãs?
Foi em 23 de abril de 2012 que o grupo lançou “Tragic Idol”, um disco até então muito superior a tudo o que a banda já havia feito desde Draconian Times (2005). Tragic Idol e´o décimo terceiro trabalho de estúdio do grupo e foi gravado na Inglaterra. O cd trouxe de novidade além da sonoridade e letras apuradíssimas, o baterista sueco Adrian Erlandsson, que já tocou com At the Gates, The Haunted e Cradle of Filth.
https://metalzone.com.br/site/resenhas/materia.php?sec=6&a=116&g=6&cod_materia=241
O Paradise Lost já tem uma carreira com mais de 30 anos. Nessas duas décadas a banda conseguiu mutar seu estilo, versando por diversos estilos: death metal, gothic metal, doom, misturaram batidas eletrônicas com gothic rock. Ainda assim, foram responsáveis por lançar discos que viraram referencia dentro do estilo musical que se propunham. Souberam trabalhar os momentos que a crítica dos fãs e da mídia não deixasse abalar a sólida carreira do grupo. E se superaram com o recente trabalho “Tragic Idol”.
O nome Paradise Lost foi inspirado em um livro de poemas homônimo, saiba mais clicando aqui.
Nick Holmes – vocal (Bloodbath)
Gregory Mackintosh – guitarra
Aaron Aedy – guitarra
Stephen Edmondson – baixo
Waltteri Väyrynen – bateria (ex-Bodom After Midnight, Vallenfyre)
Matthew Archer – bateria
Lee Morris – bateria (ex-Marshall Law)
Jeff Singer – bateria (ex-Blaze, Kill II This, My Dying Bride)
Peter Damin – baterista convidado
Adrian Erlandsson – bateria (At The Gates, ex-Brujeria, guest for Code, ex-Cradle Of Filth, The Haunted, ex-Netherbird, ex-Vallenfyre)
Inglaterra
Doom/Death Metal
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